segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E o que nos resta é? Parte 02


Sei que muita gente discordou de minha primeira opinião a respeito do afunilamento na disputa pelo título brasileiro. Mantenho-a e irei aprofundar está análise no post de hoje. É óbvio que se tomarmos como base a era dos pontos corridos desde 2003 nós vemos um mix de times disputando o título, embora também fique claro que apenas o Atlético Paranaense, fora dos 12 maiores do país, chegou a disputar a taça, em 2004. Isso é normal e faz parte do processo de amadurecimento, é como numa construção, o resultado final leva tempo para ser lapidado e depois disso tende a se manter. E isso acontece na medida em que os lucros vão sendo acumulados em uma divisão baseada na exclusão que leva a grana apenas para os times ditos do eixo.

Não só do eixo Rio São Paulo, mas os 12 maiores times do país, que no caso do portal Lance, por exemplo, já são os únicos com link direto para uma página especial sobre a equipe. A tendência é esta, e foi justamente o contrário disto que eu tentei pregar no post anterior. O que eu pedi, e reeitero meu pedido neste momento, é que as torcidas de nosso estado carreguem no colo os seus times, vão com eles até o final, porque nós podemos ser a única salvação de um processo de exclusão iminente.

Vamos então aos dados que comprovam tudo o que foi dito e mostram que a tendência é piorar, porque toda a arrecadação é distribuída apenas para um lado, todo investimento vai apenas para estes poucos, e com isso, quem paga a conta são os times de médio porte.

Classificação Final Brasileiro 2003:

6 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e 4 times considerados pela mídia como médios.

Classificação Final Brasileiro 2004:

6 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e 4 times considerados pela mídia como médios.

Classificação Final Brasileiro 2005:

9 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e apenas 1 time considerado pela mídia como médio.

Classificação Final Brasileiro 2006:

7 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e apenas 3 times considerados pela mídia como médios.

Classificação Final Brasileiro 2007:

10 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e nenhum time considerado pela mídia como médio.

Classificação Final Brasileiro 2008:

7 dos 10 maiores times entre os 10 primeiros e apenas 3 times considerados pela mídia como médios.

Classificação Final Brasileiro 2009:

8 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e apenas 2 times considerados pela mídia como médios.

Classificação Final Brasileiro 2010:

9 dos 12 maiores times entre os 10 primeiros e apenas 1 time considerados pela mídia como médio.

Notaram como no inicio o número era maior e tirando um desvio na amostragem, comum em uma análise estatística, a tendência é de uma queda enorme nos times médios entre os primeiros em Campeonatos Brasileiros. E a situação fica pior quando você analisa que diversos clubes, que em um ano foram bem, acabaram sendo rebaixados no ano seguinte. Existe um outro agravante ainda, que é perceber que nos dois últimos anos nenhum dos ditos grandes foram até a ultima rodada lutando para não cair, alguns passaram sustos, mas sufoco está cada vez mais raro.

E este é o selo de qualidade que a atual formula dá para você. Eu fico imaginando como as diretorias de Atlético e Coritiba tentam de todas as formas lutar contra isso, achar meios de formar um time em seus padrões, e que ao mesmo tempo seja forte o suficiente para competir com os outros. Porque não adianta reclamar, nós só conseguimos um reforço quando não existe uma competição, não pq somos menores em tamanho, mas pq somos menores financeiramente. E é nessas horas que eu fico puto com torcedores que metem pau em um bilhete de sócio um pouco mais caro, ou então que falam mal da diretoria estar apostando em um jogador encostado em outro clube, isso é o que se pode fazer, cada um caça com o que tem.

Atlético e Coritiba tem em suas mãos duas torcidas fanáticas que conseguem uma excelente taxa de ocupação em seus estádios e tem uma cidade que deve ser usada como vantagem na hora de fechar uma negociação. E sim, temos que receber jogadores sabendo que daqui eles vão para lugares melhores, temos que saber que é uma chance deles se mostrarem para o eixo, ou então Europa, pq é essa motivação que pode fazê-los render, e esse tipo de motivação é que vai fazer de nós mais felizes. A vida útil de um jogador de futebol é curta e usar o nosso estado como trampolim é justíssimo, ainda mais se estes renderem e nos derem bons frutos.

Em resumo, foi isso que falei no outro post e busquei ratificar aqui, vejo muita gente cornetando e pedindo absurdos das diretorias de Atlético e Coritiba, tem pseudotorcedor que ameaça não se associar se não vierem reforços. Se quisermos crescer e competir com os times do eixo precisamos ser atraentes, mostrar aos jogadores que jogar aqui é uma oportunidade, estabelecer-se em um Campeonato de pontos corridos tentando crescer, mas sabendo que a briga vai ficar cada vez mais difícil. Essa é a tendência desta fórmula, na Inglaterra, por exemplo, um Aston Villa, um West Ham, estão sempre na Premier, mas sempre na mesma, não caem, não pegam Champions, mas tem seus estádios lotados, pq seus torcedores sabem das dificuldades e abraçam a causa de lutar contra a exclusão. Ainda existem na Europa sobreviventes na luta contra este problema, como na Holanda e na França e é nestes exemplos que devemos nos apoiar.

Como ser grande e competir com tamanha exclusão? Tentar de todas as formas trazer arrecadações para nossos clubes, quem tiver condições, ASSOSSIE-SE, aposte na Timemania, compre uma camisa de sua agremiação, tenha orgulho de vesti-la e levá-la para onde você for. A diferença pode ser essa, ou pelo menos uma tentativa, mas você tentando estará ciente de que fez a sua parte e vai vibrar como nunca a cada vitória de seu time, mesmo que esteja valendo apenas uma 8° colocação. Este será o primeiro passo.

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