quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O show tem que continuar!

Na chegada aos arredores do estádio já se escutam cantos e batuques das torcidas. São milhares de pessoas formando um grande coro para apoiar o time. Dentro, a festa da torcida é algo que impressiona e tira por muitas vezes o foco principal de um estádio, que é a partida de futebol. Os times entram em campo, o visitante sob vaias, já o time da casa ao adentrar o gramado faz a torcida explodir. Fogos de artifícios, sinalizadores, cascata de papel higiênico, chuva de papel picado, fumaça, bandeiras e cantos. Um espetáculo que encanta a todos, desde crianças, até os mais velhos.

Assistir a uma partida de futebol é algo único e inesquecível. Além do atrativo principal, que é o jogo, são de arrepiar as festas feitas nas arquibancadas. São torcedores que saem de casa com um único objetivo: incentivar os jogadores em busca de mais uma vitória. A disputa entre as torcidas para ver qual faz a melhor festa, é normal. A cada jogo, novos adereços são adicionados para superar o rival. Uma disputa sadia, que embeleza ainda mais a magia que é ir a um estádio de futebol.




Tudo parecia perfeito, até que, visando coibir a violência, um novo Estatuto do Torcedor foi sancionado no dia 27 de julho deste ano. Nele, uma cláusula polêmica chamou a atenção de todos, e entristeceu grande parte dos admiradores desses espetáculos. Sinalizadores, fumaças, máquinas de papel picado e candelas, que sempre proporcionaram belas festas, passaram a ser proibidos em estádios brasileiros. Ali estava decretado o fim de uma página na história do nosso futebol. A página de festas marcantes e inesquecíveis, que em um passado não muito distante, alegrou muitas pessoas.

Entre os torcedores, o sentimento foi de tristeza e revolta com os exageros. A campanha “Pirotecnia não é crime”, iniciada na Europa, ganhou força entre os brasileiros após a aprovação do novo Estatuto do Torcedor. Nikolas Woellner, um dos idealizadores da campanha no Brasil, conta como iniciou. “Vi essa campanha da Europa, em um fórum que criticava o futebol moderno, e decidi divulgar. Inicialmente ela começou na internet, mas iremos levar faixas com ela aos estádios”, conta Woellner, que critica o tratamento recebido nas arquibancadas após a aprovação do novo Estatuto. “Fogos de artifício festivos, que antes eram um espetáculo a parte, agora são considerados armas, enquanto as armas de verdade continuam a ser utilizadas por aí com penas brandas para quem as mal utiliza”, lamenta.


As festas das torcidas ainda continuarão por muitos anos nos estádios, mas agora novos adereços terão que ser adicionados. Nada de chuvas de papel picado, fumaça e sinalizadores. Esses serão espetáculos que em futuro não muito próximo, serão apenas histórias de um tempo em que a festa das torcidas fazia diferença e “botava” pressão no time adversário.

Texto: Rafael Peroni e Tarek Omar 
Arte: Gustavo Toneti

Um comentário:

  1. Uma pena estarem acabando com o futebol dessa forma.. do jeito que tá, daqui uns tempos não liberam nem a entrada dos torcedores

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