quarta-feira, 16 de março de 2011

A fórmula do sucesso

Por Tarek Omar

Um assunto que sempre me faz refletir quando estou em algum debate sobre o futebol paranaense, é a grandeza dos nossos times. O que somos hoje em dia e o que poderíamos ter sido, caso tivéssemos uma Federação com boa representatividade pelo Brasil e dirigentes competentes, que administrassem os clubes de forma séria, pensando mais na instituição do que no próprio bolso. Analisando a situação atual do nosso futebol, dá uma tristeza ver que apesar de algumas boas campanhas, não temos times que disputem todo ano de igual pra igual com os clubes do eixo.

Uma comparação pertinente, que sempre acho necessária fazer quando falo sobre isso é a dos nossos clubes com os de Porto Alegre, que todo ano batem de frente com os grandes do Brasil e até da América Latina. Mas por que comparar justo com os gaúchos, sendo que os clubes de lá são muito maiores? É justamente por isso que faço essa comparação. Se Curitiba tem mais habitantes que Porto Alegre e tem um padrão de vida considerado melhor que o deles, o que faz Internacional e Grêmio serem tão superiores ao Trio de Ferro? Confesso que essa é a principal pergunta, que sempre me fez refletir. Tínhamos tudo para ser do mesmo nível.

Talvez, um dos principais aspectos que sempre fez deles grandes, foram as competentes administrações de dirigentes que passaram por lá. Uma administração do clube como se fosse empresa, profissionalizando todos os setores e oferecendo um plano de sócios atrativo, para gerar uma renda mensal através da própria torcida. No entanto, será que é somente isso que precisa para mudar? Na minha concepção, não. O exemplo que uso é sempre o do Atlético-PR.

Com a chegada de Mario Celso Petraglia, em 1995, o clube se reestruturou, seguiu essa tendência, criou um grande patrimônio e além de conquistar um título brasileiro, chegou a ficar em 2º lugar na Libertadores e no Brasileiro. Campanhas dignas de aplausos, principalmente para o futebol paranaense, que sempre foi coadjuvante nos campeonatos. Porém, mesmo com toda essa estrutura e boas campanhas na década, o Atlético brigou pelo rebaixamento durante 4 anos seguidos. O que mais é preciso para mantermos uma regularidade e crescermos de verdade?

O principal motivo de hoje não termos o devido respeito que merecemos perante o Brasil, é devido a nossa Federação. Cito alguns exemplos históricos, que poderiam ter mudado para melhor a história dos nossos times, se não fosse nossa falta de representatividade. 
Em 1989, o Coritiba tinha um timaço, brigava ponto a ponto pelo Bi Campeonato Brasileiro com o Vasco da Gama, porém, em uma rodada a CBF colocou o Coxa para jogar antes dos cariocas. O clube ganhou na justiça o direito de fazer a partida no mesmo horário, não compareceu no horário marcado inicialmente, e foi rebaixado no tapetão pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Os anos seguintes a isso estiveram entre os piores da história alviverde, deixando o clube em um jejum de 10 anos sem títulos.

Já em 2000, na Copa João Havelange, o Clube dos Treze recusou a presença do Paraná Clube entre as principais equipes, o colocando no Módulo Amarelo, equivalente a Série B do Brasileirão. Na ocasião, o tricolor ainda voltou para série A no mesmo ano, conquistando o título em uma partida contra o São Caetano. Apesar de o Paraná ter se recuperado, esse fator poderia ter prejudicado muito a equipe paranista, que sempre vinha fazendo boas campanhas.

Contudo, o exemplo mais recente, foi a final da Libertadores 2005. O Atlético-PR, mesmo tendo um dos estádios mais modernos da América Latina, foi proibido de jogar a final na Arena da Baixada, pelo fato de o estádio ter capacidade menor que 40 mil pessoas. Na época o rubro-negro instalou arquibancadas tubulares, que foram aprovadas pelo corpo de bombeiros, porém, a Conmebol proibiu mesmo assim. O Atlético teve que se deslocar até o Beira Rio e dividir o estádio meio a meio com a torcida do São Paulo. O fato prejudicou muito a equipe paranaense, que empatou em Porto Alegre e perdeu o jogo de volta para o tricolor paulista. Era um título importantíssimo que poderia ter vindo para o nosso Estado, e complicou por não termos a tão importante representatividade.
 
Além desses fatos, existiram muitos outros que nos atrapalharam ao longo dos anos. São fatores decisivos, que marcaram negativamente a história do nosso futebol e demonstram o quanto poderíamos ter ganhado, se não fossem esses problemas extra campo. Casos em que nossa Federação pouco fez para mudar o cronograma, ou quando fez, foi pouco eficiente. Sem contar também, as baixas cotas que recebemos em relação aos times grandes, os julgamentos no STJD em que muitas vezes acabamos levando a pior e a influência da arbitragem contra os paranaenses em diversos jogos contra times do eixo e até mesmo do Rio Grande do Sul.

São momentos sem volta, que poderiam ter modificado para melhor a história do nosso futebol, e só vão ser possíveis de mudar no futuro quando tivermos, além de presidentes realmente competentes, uma Federação profissional e capacitada, que valorize nossos times e jogue a favor deles. Talvez, um bom começo seja valorizar mais o Campeonato Paranaense, que graças a regulamentos amadores, vêm se desvalorizando mais a cada ano.

Fotos: Geraldo Bubniak/ Alex Regis/ Reuters

Um comentário:

  1. Belo texto Tarek, muito bem lembrado, se não tivermos uma Federação de qualidade, sempre iremos sofrer nacionalmente. E já que você citou o RS, faço até uma comparação do Inter. Há poucos anos brigava pra não cair. Olha onde está hoje. Precisamos de uma Federação de qualidade. Abraços

    ResponderExcluir